Expedição sem
vaidades
Uma equipe de TV fazia
a cobertura de um evento esportivo aquático em Ilha Bela, estado de São Paulo.
Tratava-se de um grupo de velejadores mirins com seus barcos com velas
coloridas, da classe Optimist.
A repórter, uma jovem ávida por novidades e sedenta por conseguir uma boa matéria para alavancar sua carreira, estava entediada tentando conseguir uma nova forma de entrevistar aquelas crianças que não estavam nem aí para as câmeras, ao contrário dos orgulhosos pais, que sempre vinham até ela para fazer algum comentário sobre seu pimpolho e tentar uma entrevista.
Após duas horas, muitas cenas captadas, finalmente algumas entrevistas e tudo pronto para partir, a repórter percebe uma movimentação diferente no outro canto do píer em que estava.
Por volta de 30 pessoas, bastante alegres e barulhentas pareciam comemorar algo ao lado de um veleiro atracado ali. O barco não era muito grande, mas havia alguns adesivos de empresas colados em seu costado e também aparentemente em sua vela mestra, ainda enrolada. A repórter e seus dois cinegrafistas foram ao encontro daquela agitada turma.
Chegando até o outro lado e já pedindo para começarem a filmar algo, ela se aproxima do grupo indo na direção de quatro rapazes que estavam com uniformes semelhantes, também com algumas logomarcas de empresas. O grupo todo parou para saber o que estava acontecendo e os quatro rapazes faziam uma cara de assustados com a presença da mulher desconhecida, seu microfone em punho e as câmeras, mas logo relaxaram.
Apresentando-se, a distinta repórter perguntou se a autorizariam fazer algumas perguntas e já adiantou que entendia pouco de vela. Um dos quatro rapazes se adiantou, como se fosse o líder do grupo, parecendo ser o mais sóbrio de todos.
Depois da breve apresentação e sem mais rodeios, começam as perguntas para o rapaz, sem nenhuma combinação prévia, pois tinham pouco tempo para terminar o dia de entrevistas. A repórter começa a cena do jeito clássico:
- Estamos aqui em Ilha Bela, a capital da Vela do Brasil, com este cenário maravilhoso ao fundo para conversar um pouco com estes corajosos rapazes que pretendem zarpar daqui alguns instantes para uma perigosa aventura. Dirigindo-se a um deles perguntou:
A repórter, uma jovem ávida por novidades e sedenta por conseguir uma boa matéria para alavancar sua carreira, estava entediada tentando conseguir uma nova forma de entrevistar aquelas crianças que não estavam nem aí para as câmeras, ao contrário dos orgulhosos pais, que sempre vinham até ela para fazer algum comentário sobre seu pimpolho e tentar uma entrevista.
Após duas horas, muitas cenas captadas, finalmente algumas entrevistas e tudo pronto para partir, a repórter percebe uma movimentação diferente no outro canto do píer em que estava.
Por volta de 30 pessoas, bastante alegres e barulhentas pareciam comemorar algo ao lado de um veleiro atracado ali. O barco não era muito grande, mas havia alguns adesivos de empresas colados em seu costado e também aparentemente em sua vela mestra, ainda enrolada. A repórter e seus dois cinegrafistas foram ao encontro daquela agitada turma.
Chegando até o outro lado e já pedindo para começarem a filmar algo, ela se aproxima do grupo indo na direção de quatro rapazes que estavam com uniformes semelhantes, também com algumas logomarcas de empresas. O grupo todo parou para saber o que estava acontecendo e os quatro rapazes faziam uma cara de assustados com a presença da mulher desconhecida, seu microfone em punho e as câmeras, mas logo relaxaram.
Apresentando-se, a distinta repórter perguntou se a autorizariam fazer algumas perguntas e já adiantou que entendia pouco de vela. Um dos quatro rapazes se adiantou, como se fosse o líder do grupo, parecendo ser o mais sóbrio de todos.
Depois da breve apresentação e sem mais rodeios, começam as perguntas para o rapaz, sem nenhuma combinação prévia, pois tinham pouco tempo para terminar o dia de entrevistas. A repórter começa a cena do jeito clássico:
- Estamos aqui em Ilha Bela, a capital da Vela do Brasil, com este cenário maravilhoso ao fundo para conversar um pouco com estes corajosos rapazes que pretendem zarpar daqui alguns instantes para uma perigosa aventura. Dirigindo-se a um deles perguntou:
- Qual o destino da viagem de vocês?
- Bem, a ideia é chegar até as Ilhas Falklands.
A repórter, notadamente sem saber onde eram as tais ilhas, fazendo menção de que perguntaria algo, subitamente foi interrompida:
- Falklands NO. Las Malvinas son Nuestras. - E viva Maradona!!!
O inflamado indivíduo, aparentemente bêbado, vestindo uma camisa da seleção Argentina, gritou essas palavras de ordem indo na direção da repórter. A mesma levou um grande susto, mas logo foi acalmada pelo rapaz entrevistado, que disse:
- Não liga não, este é nosso apoio em terra, ele é um radioamador argentino amigo nosso...
Refeita do susto, e já sabendo de que ilhas falavam, retorna à entrevista.
- Mas então. Vocês planejaram com quanto tempo de antecedência a viagem, muitas dificuldades?
- Não, nenhum problema não. – responde o rapaz com “ar” despreocupado.
- Mas uma viagem assim requer preparativos especiais, vocês têm até equipe de terra. - diz a repórter olhando de canto de olho para o agitado Argentino.
- Hahaha . Uma gargalhada debochada foi a única resposta que teve.
- Devem ter equipamentos de última geração?
- Não, tem não.
- Então deve ser uma equipe bastante experiente, muitas aventuras anteriores?
- Não, Não.
Insistido ainda para obter uma resposta mais emocionante, a novata em entrevistas começa a ficar inquieta e pergunta:
- Bem, vocês devem ter algum objetivo para esta viagem, por que escolheram as...,- nesse momento olhou para o argentino e completou:
- Malvinas?
Nisso passa à frente outro da equipe, um rapaz mais alto, bastante branco, loiro, bochechas rosadas, com um copo de bebida na mão, já um pouco alegre e diz:
- Sabe moça, a ideia era ir para a Escócia, sabe onde é né? No Reino Unido, o caso é que é muito longe, queríamos conhecer alguns Pubs, destilarias, degustar Whisky. Então decidimos ir para a concessão Britânica mais próxima daqui...
- Hehehe. –
termina a resposta rindo, aproximando-se a quase um palmo do rosto da repórter,
quando novamente o Argentino grita:
- LAS MALVINAS SON NUESTRAS!!!
A entrevistadora começa ficar nervosa, mas ainda assim tem esperanças de conseguir algo:
- Bom, vocês pelo que vi, em seus agasalhos e no barco, tem patrocinadores?
- Não, não. - responde um terceiro do grupo. - Nós colamos estes adesivos na roupa e barco só para parecer coisa mais séria mesmo.
- Mas quem vai pagar a viagem?
- Uai!!! Nós mesmos!! Com ajudinha dos pais, é lógico. Responde o que parecia o mais novo do grupo.
Nesse momento todos ali começam a ficar mais dispersos, continuando a festa, e então a repórter faz mais uma pergunta, quase aos berros:
- Vocês devem querer passar uma mensagem para todos aqueles que ficam e irão acompanhá-los?
- Não, não temos não... – diz o velejador
deixando praticamente a mulher falando sozinha
A festa continua e a repórter chora.
